Desde março que não comemos nada fora de casa. Em função disso, desde março não aproveitamos in loco a abundância um tanto quanto grosseira, saborosa e glutona dos famosos “PFs” paulistanos.
O “PF”, aliás, talvez devesse ser registrado como patrimônio imaterial brasileiro: para além do prato, trata-se de um ritual a que se associa um cenário particular e um conjunto de práticas, vocabulários e códigos próprios. Em São Paulo, por exemplo, não há quem não saiba de cor os dias associados a cada prato e a geografia das melhores edições de cada um em um dado território de lanchonetes, bares e restaurantes: virado à paulista na segunda-feira, feijoada na quarta, massa na quinta e peixe na sexta. Curiosamente, a terça-feira é o dia das variações: bife à rolê, picadinho, carne assada, costelinha, etc.
Será que um dia voltaremos a almoçar no balcão da Leiteria Ita ou do Estadão?
Este desenho participa da série #quarentenoutubro, uma alternativa ao Inktober.