O interessante blogue agendadaprefeita tem publicado periodicamente cópias de anúncios da agenda de vinte anos atrás da ex-prefeita Luiza Erundina. Para cada dia, publica-se a agenda da prefeita no mesmo dia, há vinte anos.
A gestão democrática e popular de Erundina foi em vários aspectos memorável: nunca é demais lembrar que compunham seu secretariado, por exemplo, intelectuais e militantes relevantes à história do pensamento e da ação política brasileira, como Marilena Chauí (Cultura), Paul Singer (Planejamento), Ermínia Maricato (Habitação), Dalmo Dallari (Negócios Jurídicos) e especialmente Paulo Freire (Educação). Por ter desafiado as elites paulistanas e defendido interesses dos trabalhadores Erundina foi atacada pelo Judiciário, que alegou “improbidade administrativa”: chegou a ter seus bens penhorados dois anos atrás.
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Em uma época em que o atual prefeito dos Jardins eleva a tarifa de ônibus a absurdos três reais enquanto tenta vender bens públicos à iniciativa privada por preços irrisórios, é relevante lembrar que o ex-Secretário de Transportes da gestão Erundina, Lúcio Gregori, defende até hoje a implantação do passe livre no serviço de transporte público.
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A gestão de Erundina cumpriu um importante papel na politização da administração municipal: para além do tecnicismo que separa povo e gestão, representou um momento político em que grupos e movimentos populares dialogavam de fato com os agentes públicos e participavam diretamente da destinação do orçamento, por meio de programas como o Funaps Comunitário, em que empreendimentos habitacionais eram autogeridos pelos futuros moradores e construtores.
Durante sua gestão também foi idealizado e construído o CEDEC — Centro de Desenvolvimento de Equipamento Comunitários. Tratava-se de uma fábrica de componentes industrializados para construção civil e peças de mobiliário urbano, localizada no bairro do Pari. Por desafiar as grandes construtoras, Maluf fechou o CEDEC logo no início de seu mandato.