3 de abril de 2020, décimo segundo dia da quarentena
Li na edição desta semana do Manual do usuário que uma pesquisa recente nos EUA apontou que o consumo de podcasts diminuiu desde o início da crise do coronavírus. Nada indica que tenha havido um repentino desinteresse pela mídia, dado o seu crescimento constante nos últimos anos: o mais provável é que as razões para tanto estejam relacionadas às ações de quarentena e isolamento.
Com efeito, eu chutaria que parte considerável dos ouvintes de podcasts o faz durante seus trajetos cotidianos ou eventualmente praticando esportes — e com mais tempo em casa, outras atividades podem substituir o hábito.
Não é o meu caso. Meus trajetos diários felizmente são curtos e se resolvem com uma breve caminhada. Acostumei-me a ouvir podcasts durante atividades de cuidado com a casa, lavando a louça e cozinhando. Cozinhar, aliás, já virou praticamente um sinônimo de ouvir podcasts.
Dizem, aliás, que podcasts são a nova banda de garagem: todo mundo participou, participa ou participará de algum. O ditado certamente vale para mim: participo do Fora de prumo, podcast desalinhado sobre arquitetura, design e urbanismo.
São tempos difíceis, todos sabemos. O presidente da República atenta contra a saúde pública todos os dias, seja com pronunciamentos estapafúrdios, seja com canetadas perversas. Estamos em casa e esperamos achatar a famosa curva. Enquanto não há muito mais o que fazer, olhamos para alguns dos objetos cotidianos ao nosso redor.