Quem tem por hábito acompanhar o Twitter provavelmente testemunhou neste último domingo, 3 de abril de 2022, uma das mais abjetas e asquerosas atitudes por parte de um parlamentar ao manifestar-se na esfera pública: o deputado federal Eduardo Bolsonaro debochou da tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante a ditadura civil-militar brasileira — ofendendo, com isso, todos aqueles que prezam pela dignidade humana e pela salvaguarda dos direitos humanos.
Como muitos, cometi o erro de reagir ao horrendo tuíte — em situações assim, qualquer tipo de engajamento, sabemos, deveria ser evitado a fim de evitar que tal descalabro viralize. No calor do momento, contudo, foi impossível deixar de expressar a raiva que senti — raiva não só pela apologia explícita à tortura, mas uma raiva acumulada.
Raiva acumulada pelas 600 mil mortes que poderiam ter sido evitadas não fosse o comportamento negacionista, corrupto e incompetente do governo com o qual Eduardo Bolsonaro tem laços políticos e de sangue. Raiva acumulada pela agressão sistemática deste governo e desta família — notória pelos laços explícitos que ela mantém com milicianos — à Terra em que vivemos, aos povos que nela vivem há séculos e a toda sorte de minorias e grupos em vulnerabilidade social.
Em 2021 convivi com a possibilidade de perder pessoas próximas em função do negacionismo sistemático e criminoso da família Bolsonaro.
Respondi a Bolsonaro que “justiça só será feita quando a sua família estiver pendurada em praça pública.” Completei o tuíte expressando o que sinto pelos Bolsonaro: “lixo humano.”
A resposta pode ser considerada pesada por alguns — mas a raiva que sinto pela agressão sistemática dos Bolsonaro à dignidade humana é ainda mais pesada e, no calor do momento, ela falou mais alto.
o Twitter defende quem debocha da tortura
O resultado não tardou a chegar. Na manhã seguinte meu acesso ao Twitter foi interrompido. Minha conta foi suspensa. A plataforma alegou tratar-se de desvio das regras de convivência naquela rede social, já que eu teria promovido “assédio direcionado” a um indivíduo.
O tuíte original fazendo apologia explícita à tortura, contudo, permanece no ar enquanto escrevo essas palavras — dias depois do corrido. A conta do parlamentar também permanece ativa, apesar dos sistemáticos ataques à dignidade alheia e aos direitos humanos.
Só posso acreditar que o Twitter protege quem ativamente agride direitos humanos. O Twitter protege quem faz apologia à tortura. O Twitter protege quem deseja o sofrimento alheio enquanto expulsa aqueles que denunciam tais comportamentos.
E estamos apenas em abril.
Nota. Uma cópia do tuíte criminoso permanece arquivada aqui e aqui, para fins de registro para o futuro. Assim como não podemos esquecer os crimes da ditadura, não se pode eliminar registros dos crimes do período de exceção em que vivemos.
Ódio do bem o seu né? Você pedir que uma família seja pendurada e praça pública e chamar pessoas de lixo humano é apenas “calor do momento”, “raivinha”. Afinal, você é um excelente ser humano, né?
Gente de esquerda é patética. Seria cômica a ironia se não fosse trágica, porque gente assim vota.
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Ele fez apologia à tortura.
Apologia à TORTURA.
Não tem conversa possível com monstros assim.
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