porque votar em lula no dia 30 de outubro de 2022

Em abril de 2021 eu e minha querida companheira, N., fomos diagnosticados com Covid-19. Infelizmente N. precisou ser internada em uma UTI, enquanto eu fiquei isolado em casa por cerca de duas semanas. Foram provavelmente os piores dias de nossas vidas.

o bolsonarismo mata

Ao longo de duas semanas, eu recebia diariamente telefonemas com relatórios médicos desanimadores. O quadro piorava. Felizmente, o tratamento final teve sucesso — mas receber dia após dia aqueles comunicados era desesperador.

Estávamos em abril — a vacina contra a Covid-19 já havia começado a ser aplicada às populações mais idosas e aos grupos de risco em São Paulo. Hoje sabemos, contudo, que podíamos ter tido acesso a esta vacina meses antes, não fosse a omissão criminosa do governo de Jair Bolsonaro, que agiu ativamente para boicotar todos os esforços de combate à doença. Hoje sabemos que a vacina não só já havia sido oferecida ao governo brasileiro como a transnacional Pfizer desejava utilizar o país como um exemplo de vacinação em massa para o mundo — algo recusado terminantemente pelo governo liderado por essa criatura abjeta e monstruosa.

Os caprichos políticos e ideológicos de Bolsonaro quase nos custaram nossas vidas. Não só podíamos ter tido acesso mais cedo às vacinas — poupando centenas de milhares de vidas — como tivemos que testemunhar os sistemáticos ataques à saúde e à ciência desse traste que desde 2019 ocupa a cadeira de presidente apenas porque seu principal adversário foi impedido de disputar as eleições.

Bolsonaro tirava sarro de quem tinha falta de ar. Bolsonaro dizia que os brasileiros tinham de parar de “mimimi” e “enfrentar a doença como homens”, numa demonstração nojenta e doentia de machismo e negacionismo. Essa molecagem irresponsável nos legou 700 mil pessoas mortas.

vamos eleger Lula presidente e vamos reconstruir este país

Bolsonaro promoveu sistematicamente crimes contra a humanidade ao longo dos quatro anos de seu governo desastroso. Se houver justiça neste mundo, ele será julgado e punido pelo Tribunal Penal Internacional de Haia pelos seus reiterados ataques a inúmeros indivíduos, grupos e ao futuro de toda a humanidade — dado seu papel ativo em destruir a Amazônia, o Cerrado, as terras dos povos originários, etc.

Mas enquanto este dia não chega, é preciso combater o bolsonarismo de todas as formas. Neste momento, o principal meio de combater esta excrescência política que é o bolsonarismo é eleger Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República.

Creio que muitos de nós tenhamos variados graus de reserva com o lulismo, com a figura de Lula e com os governos dos Partidos dos Trabalhadores em diferentes instâncias. Podemos ter reservas com o projeto conciliatório, com os expedientes utilizados, com as maquinações de bastidores ou mesmo eventualmente com seu caráter por demais pragmático ou moderado.

Neste momento, tudo isso é secundário. Precisamos eleger Lula por vários motivos: para defender a saúde, para defender a ciência, para defender a democracia e — sobretudo — para defender a própria possibilidade de que sejamos oposição ao seu governo a partir do dia 2 de janeiro de 2023.

Bolsonaro nos deixou mais pobres. Bolsonaro nos deixou mais doentes. Bolsonaro nos deixou mais frágeis. E, acima de tudo, Bolsonaro nos deixou perigosamente mais expostos às piores formas de fascismo ainda existentes nos piores rincões da sociedade brasileira. Bolsonaro não sente vergonha nenhuma em proferir irresponsavelmente frases fascistas, como seu odioso lema “Deus, pátria e família” — o mesmo lema de Mussolini e de Salazar.

Destruir o bolsonarismo é nossa tarefa histórica — e o primeiro passo é eleger Lula como o próximo Presidente da República e, em São Paulo, Fernando Haddad como o próximo Governador do Estado.

No ano que vem articulamos uma oposição responsável de esquerda. Mas neste ano somos uma única frente ampla contra o fascismo.

Neste domingo, 30 de outubro de 2022, nosso voto é 13 — Lula presidente e Haddad governador.