À época da celeuma criada ao redor da Barbie arquiteta, fiz alguns comentários sobre a relação entre arquitetura e questões de gênero.
Nesta semana, o excelente — embora, por vezes, pateticamente ingênuo — blogue Design Observer produziu algumas novas matérias sobre o tema. Vale a pena registrar:
- As incríveis aventuras das arquitetas na América, por Gabrielle Esperdy, enfocando a trajetória, nos EUA, da mobilização pela igualdade de gênero no interior da profissão, assim como seus principais personagens.
- América Latina: uma nova geração de arquitetas, por Sandra Vivanco.
- Por que arquitetos precisam do feminismo, por Despina Stratigakos, enfocando movimentos mais recentes.
A reemergência desta temática (independente de sua importância, que parece inquestionável) no seio da imprensa especializada, visto que desde o fim dos anos 1970 ela esteve um tanto quanto resfriada, parece indicar um incômodo generalizado a respeito de algo ainda não muito claro.
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Tudo isto soma-se aos também recentes comentários sinceramente sarcásticos do OMA (não ditos, mas expressos em seu espaço na Bienal de Veneza) a respeito da arquitetura de Bem-Estar social dos “anos áureos” do capitalismo ocidental. O curador, Reinier de Graaf, um dos principais sócios de Koolhaas, chega a considerar os arquitetos-funcionários-públicos do período dotados de “uma poderosa fonte de inspiração” em tempos de “arquitetura estelar”. O cinismo sincero dos seguidores de Koolhaas chega a ser comovente.
De um lado, o recrudescimento do vocabulário transgressor dos anos 60–70, em um contexto que vai dos artigos no Design Observer sobre feminismo à confusa e deliciosa presença de manifestantes em Wall Street (assim como a igualmente confusa recepção do fenômeno por parte mesmo de bons críticos de arquitetura). De outro, assiste-se a reações que vão desde a catártica hollywoodiana à arquitetônica de Koolhaas e de Graaf.
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Aparentemente, até mesmo o squatting está, hoje, sutilmente incorporado como prática do planejamento institucionalizado.