30 de março, oitavo dia da quarentena
Embora seja um jogador bastante casual, tenho há pouco mais de dois anos um console da linha Nintendo Switch em casa. Curiosamente, apesar do maior tempo em casa em período de quarentena, ainda sequer tive tempo nos últimos dias de ligá-lo.
O Switch tem algo de ornitorrinco, acho. Ao mesmo tempo um console de mesa e portátil, é uma geringonça híbrida com partes destacáveis, mecânicas, removíveis, adaptáveis para diferentes cenários de uso. Apesar do desenho razoavelmente bem resolvido do conjunto, sugere situações um tanto quanto confusas para distintas configurações: retire os controles destacáveis da lateral do produto, junte-os em um suporte específico ou use-os isoladamente aplicando a elas um suporte menor ainda mais específico — ah, não esqueça da pulseira, também destacável, nesse caso.
É, sem dúvida, a postura mais diametralmente oposta à da Apple possível, por exemplo: a empresa californiana preza — ao menos desde o mítico retorno de Steve Jobs à direção da companhia no fim dos anos 1990 — por produtos de apresentação e uso simples e conciso, sem partes destacáveis ou cenários de uso confusos.
Curiosamente, porém, a confusão da Nintendo funciona bem. Que o digam as algumas centenas de horas que já dediquei a explorar Hyrule.
São tempos difíceis, todos sabemos. O presidente da República atenta contra a saúde pública todos os dias, seja com pronunciamentos estapafúrdios, seja com canetadas perversas. Estamos em casa e esperamos achatar a famosa curva. Enquanto não há muito mais o que fazer, olhamos para alguns dos objetos cotidianos ao nosso redor.