
Como parte do processo de projeto e produção do complexo de edifícios de moradia estudantil da Faculdade de Medicina da Universidade de Louvain — que se estendeu por mais de uma década —, a equipe do arquiteto belga Lucien Kroll envolveu-se em um dado momento na produção do espaço de uma creche integrada ao campus destinada aos filhos de estudantes, professores e funcionários. Segundo o arquiteto:
As crianças perguntaram: “Podemos decorar as paredes?”; “Claro, mas apenas após um acordo ser alcançado.” Então, um dia, junto de um amigo pintor, levamos algumas tintas e pincéis e proibimos os adultos de se envolverem. Estávamos lá apenas para fornecer os materiais e proteger o enclave, que estava “além da autoridade.” A cada equipe foi destinado um dia. Uma delas organizou-se bastante metodicamente: decidiram a respeito de um tema, da distribuição do espaço de trabalho, e produziram imagens mais ou menos já aprendidas. Os pequenos simplesmente corriam às paredes sem qualquer discussão inicial e se organizavam fisicamente, liderados pelo instinto.
Sentimos uma necessidade de testar esta “urbanização inconsciente” em famílias reais: fornecer-lhes os materiais, facilitar a unidade, cuidadosamente estudar o resultado e simplesmente trazê-lo à conclusão.