originalmente publicado em http://notasurbanas.blogsome.com/2009/05/29/cidade-ideal/
As imagens acima são famosas representações da cidade ideal renascentista. Como se sabe, entre as preocupações dos tratadistas do Renascimento, estava o da procura de uma perfeita definição da ideia de cidade – uma definição que reunisse em si todas as virtudes da cidade, um modelo que sendo ideal nunca poderia ser realizado mas ao qual tentar-se-ia aproximar-se por meio de experimentos reais. A primeira imagem é atribuída a Piero della Francesca e acredita-se que tenha sido produzida por volta de 1460. A autoria da segunda imagem é desconhecida.
A imagem abaixo foi retirada deste blogue. Trata-se da Praça Kim Il-Sung, em Pyongyang, na Coreia do Norte, um enorme espaço urbano com cerca de sete hectares. O que é desconcertante não é tanto a curiosa semelhança entre as pinturas e a praça coreana, nem o fato de tal praça ser construção recente: na imagem anônima renascentista, o que se vê são algumas isoladas e esparsas figuras a circularem na cidade sem vida, algumas até mesmo amparadas por muletas, em um decadentismo indiferente à beleza fria e clássica do espaço urbano. Na praça nortecoreana parece ocorrer o mesmo.