Foi uma visita rápida, panorâmica: incompleta, portanto, mas agradável. O que seguem são meros fragmentos.
Visitei balaústres, lajes, praças, pérgolas, balanços, bancos, mesas, mirantes. Subidas, descidas, morros, escadas hidráulicas, ladeiras. Ruas de comércio, sacolas, compras, bolsas. Casinhas, casebres, vielas, rios, córregos, várzea. Casas antigas: pastilhas, vitrôs, varandas. Casas mais novas: alvenaria, madeira, cimento, lajes “pré”, telhadinhos. Cabras, cachorros, gatos, coelho. Memória e lembranças.
Usina, lixão, crédito de carbono: pergolados. Discurso, matéria, ideologia.
Entre outras, uma linda casa — “castelinho”, como é chamada — revestida com mosaico construído com memória e trabalho de anos: caquinhos colhidos em lugares diferentes e partilhados em um mesmo artefato de feição múltipla, coerente e bela.
Recanto dos humildes, dos alegres, dos vivos, da sobrevivência. Mercado Pavão. Bamburral. Uma fábrica abandonada pelos proprietários e amada pelos seus viventes. Vila, triângulo, trilho, bitola 60, ruínas.
EMEIs, EMEFs, CEIs, CEU: faltam ainda salas.
Quanto maior a aproximação, maior o risco de desrespeitar o ritmo e a vida do lugar. É no lugar e em sua gente que se encontra de fato a potencialidade do saber. O risco da invasão cultural é sempre grande.
Corre-se sempre, aliás, o risco de construir, em registros fugidios como o meu, uma caricatura pedante e distante do lugar: fica o alerta de que estes fragmentos não substituem a experiência — nem, muito menos, o saber do lugar.