O material gráfico produzido por Frank Lloyd Wright e pelo seu escritório sempre me fascinou: desde seus desenhos e perspectivas peculiares e dotados de uma linguagem própria até a caligrafia característica adotada. Seu jeito elegante, por exemplo, de traçar os letreiros de seus desenhos — meio art déco, meio arts & crafts, mas ainda assim marcadamente moderno —, ajuda a construir um rico e belo imaginário próprio. Curiosamente, a tradição caligráfica técnica estadunidense tem muito mais a ver com este imaginário do que propriamente com a europeia e com a caligrafia técnica consagrada pelas normas DIN.

O material de comunicação dos projetos do escritório de Wright abusava de pasteis, lápis de cor, aquarelas, desenhos com grafite e nanquim e outras formas ágeis de visualização em um momento em que ainda se produziam pranchas exageradas em aquarela ou em outros materiais de pintura. Desenhos que antes emolduravam-se em elaboradas ornamentações auxiliares agora sangravam e ocupavam o espaço da folha segundo um raciocínio gráfico sofisticado, trabalhando os títulos e legendas como elementos compositivos e buscando processos dinâmicos de equilíbrio visual.
A perspectiva abaixo, por exemplo, mobiliza o espaço “vazio” do papel como um importante elemento de composição gráfica, transformando o fundo em espaço positivo à medida em que o olho percorre a prancha. O peso desde elemento é contraposto ao título manuscrito no limite inferior da folha, bem como à própria perspectiva da casa, estrategicamente localizada no terço superior da prancha oposto ao título.
Trata-se, à primeira vista, de raciocínio compositivo banal (e hoje muito usual, aliás, em seções e cortes formatados para apresentação e comunicação). Tal banalidade, porém, perde força ao levarmos em conta que tal desenho fora publicado já em 1901!

capas, cartazes, exercícios gráficos, etc
A produção de desenhos do escritório, no entanto, já fora minimamente estudada, como revela, por exemplo, este breve ensaio. Pouco se sabe, porém, do trabalho gráfico de Frank Lloyd Wright como um tudo, para além dos desenhos de arquitetura (bem como de sua equipe, cujo trabalho confunde-se com o seu próprio e vice-versa). Surpreendi-me ao saber que o arquiteto aventurou-se pelo universo das artes gráficas, atuando na confecção de cartazes, capas de revista, murais, bem como de toda uma variedade de exercícios compositivos bidimensionais.
Publicações e estudos recentes têm se debruçado sobre esta rica produção. Há algum tempo exemplos de tal produção gráfica têm circulado pela internet. Um bom apanhado se encontra nesta página (a qual, por sua vez, se baseia no livro Frank Lloyd Wright: Graphic Artist, organizado por Penny Fowler). Seguem alguns exemplos surrupiados de lá.
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