“arte é cultura é natureza”

Parece ser pauta comum a diferentes discursos nos anos 1960 e 1970 (alguns de ordem contracultural, outros com pretensão científica, hegemônica) a constituição de uma esfera comum entre natureza e cultura, entre o artificial e o orgnânico. É o que também sugere o depoimento abaixo.

thefarm

“Arte é cultura é natureza”, declarara a artista Bonnie Sherk, cuja literalmente arrasadora Crossroads Community (The Farm), localizada no distrito Potrero de São Francisco, introduziu a noção de “estrutura de vida” [“life-frame”] […]. Uma construção rural superimposta a uma decadente área industrial urbana próxima a uma via elevada (na qual Sherk plantou palmeiras e posicionou, temporariamente, uma vaca e fardos de feno, para a surpresa dos motoristas que por ali passavam), The Farm, como Jana Blankenship aponta, era um “mini-ecossistema” e teatro de vida, oferecendo um “ambiente não-hierarquizado”, multicultural, “no qual todas as formas de vida seriam participantes integrais.” O desaparecimento em 1987 deste último refúgio da ecotopia dos anos 1960 me torna retrospectivamente triste nestes tempos de esperanças reduzidas.

Lucy Lippard, Memory as Model (Prefácio). In: Auther, Elissa; Lerner, Adam (org.). West of Center. Art and the Counterculture Experiment in America, 1965–1977. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2012.

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